OPINIÃO
Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu
PUBLICADO
7 anos atrásem
Sem um pé no sistema partidário, candidato não será como presidente dos EUA.
Em artigo publicado na última edição da Época, o jornalista americano Brian Winter, editor da revista Americas Quarterly, fez um aviso aos brasileiros: não subestimem Bolsonaro como os americanos subestimaram Trump.
Durante toda a campanha de 2016, os analistas políticos americanos apostaram que os mecanismos institucionais e as normas de civilidade tradicionais da política americana cedo ou tarde interromperiam a ascensão de Trump. Não funcionou.
O alerta é bem-vindo, e deve ser levado a sério. Mas o risco Bolsonaro mudou de cara na última semana. Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu.
Na onda global de radicalismo político que se seguiu à crise de 2008, um padrão parece claro: os radicais que venceram conseguiram colocar um pé dentro do sistema político tradicional.
Trump foi candidato do partido republicano, uma das maiores máquinas políticas do mundo. Se o Partido Conservador britânico não tivesse tentado roubar eleitores do Ukip propondo o plebiscito do Brexit (em que o governo contava que o “Remain” venceria), a proposta nunca teria saído da franja radical da política britânica. No mesmo Reino Unido, Jeremy Corbyn liderou uma revolta de esquerda por dentro do Partido Trabalhista, como Sanders tentou fazer entre os democratas americanos.
O pé dentro do sistema que Bolsonaro pretendia colocar era o centrão. Nunca teve chance de atrair o PSDB ou o PMDB. Oferecia, entretanto, a possibilidade de promoção do baixo clero à primeira divisão. Diga o que quiser, nenhum presidente brasileiro até hoje foi vagabundo o suficiente para oferecer um cargo importante a Magno Malta. Bolsonaro seria.
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Da esq. para dir., Álvaro Dias, Marina Silva, Ciro Gomes, Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin – Reprodução-Instagram
Não deu certo. O centrão foi para Alckmin. Desde então, Bolsonaro xinga muito o centrão, mas isso é como na fábula com uva e raposa. Bolsonaro tentou conquistar Uvaldemar Costa Neto, mas o PSDB foi mais raposa.
Sem um pé no sistema partidário, não dá mais para Bolsonaro ser Trump.
Não foi só com o apoio da Fox News, dos nazistas de Charlottesville e dos picaretas Steve Bannon e Alex Jones que Trump venceu. É até legítimo perguntar o quanto fez diferença o candidato republicano ser Trump. O padrão nos Estados Unidos tem sido o presidente se reeleger (como Obama fez), mas não fazer o sucessor.
No fundo, o candidato mais forte a Trump brasileiro seria João Doria, outra mediocridade política que, entretanto, conseguiu se infiltrar em um grande partido. Mas Doria cometeu um erro que Trump evitou: expôs sua pouca disposição para governar se elegendo prefeito antes de concorrer à Presidência.
Agora resta a Bolsonaro apostar todas as fichas no discurso antissistema. Não é mais importante saber o que Bolsonaro vai dizer ou propor. Seus aliados, até outubro, são novas revelações da Lava Jato contra seus concorrentes, a discussão no STF sobre o fim da prisão em segunda instância e a ênfase no discurso pró-militar, que pode transformar todo quartel pelo Brasil afora em um comitê de campanha. De agora em diante, todo discurso de Bolsonaro deve ser uma promessa velada de golpe para acabar com a corrupção.
Ou Bolsonaro cairá como Trump deveria ter caído, ou vencerá sendo muito mais nocivo à democracia brasileira do que Trump vem sendo para a democracia americana. Folha SP.
Celso Rocha de Barros
Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).
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OPINIÃO: Xenofobia no Parlamento veste terno e gravata
PUBLICADO
2 meses atrásem
3 de setembro de 2025Relacionado
O novo slogan do governo é malicioso, pois dá a impressão aos incautos cidadãos de que os super-ricos não pagam impostos no país, quando isso não é verdade.
Os super-ricos sempre pagaram impostos – banqueiros, grandes empresários, donos de conglomerados, etc. Essas pessoas estão no topo de estruturas que empregam milhares ou até milhões de pessoas. Mas o ponto mais debatido é quanto pagam e como pagam.
Muitos têm acesso a estratégias legais de planejamento tributário, como:
– Offshores e paraísos fiscais para reduzir o imposto sobre lucros e patrimônios.
– Investimentos em incentivos fiscais, como imóveis ou ações que têm tratamento especial.
– Uso de fundos exclusivos e trusts que diferem ou minimizam a incidência de tributos.
A honestidade política recomenda jogar limpo e não mostrar à sociedade uma mentira travestida de verdade.
Quando o governo não faz o dever de casa, ajustando as suas despesas para sobrar dinheiro para cumprir os seus compromissos, não é justo convocar a sociedade para pagar essa conta por meio da cobrança de IOF.
A engenharia do governo é muito hábil para criar impostos e incompetente para encontrar soluções factíveis sem onerar o cidadão.
Os esquerdistas/socialistas/comunistas pregam que os ricaços pagam menos impostos, o que é uma falácia, e que o país precisa fazer justiça tributária. Essa é uma narrativa de quem só quer receber de quem tem mais.
Ora, se a riqueza dos que têm mais foi construída honestamente, não faz sentido o governo pretender onerar mais essa faixa social.
O que o governo brasileiro tem de fazer, e não faz, é corrigir os seus gastos públicos perdulários, por exemplo, com a ilha da fantasia Brasília, em que o Executivo, Legislativo e Judiciário estão montados em privilégios e benesses públicas.
Por outro lado, pelo que dispõe o princípio constitucional da igualdade de tratamento, todos, pobres e ricos, deveriam pagar a mesma taxa de imposto, pois é o que diz a CF.
Vale aqui, para reflexão, dois pensamentos:1.”A pior forma de igualdade é tentar tornar iguais duas coisas diferentes” (Aristóteles, momentos de filosofia). 2.”Sociologia é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja, e o seu defeito inerente é a distribuição igualitária da miséria” (Winston Churchill)”.
Outra mentira divulgada pelos esquerdistas, que adoram viver no mundo capitalista, é que no Brasil quem ganha mais paga menos impostos. Pelo art. 5º da CF, todos devem ser tratados da mesma forma, ou seja, as alíquotas de impostos deveriam ser iguais para todos. Assim, quem ganha menos paga menos (2% sobre 100 reais é igual a 2 reais) e quem ganha mais paga mais (2% sobre 1000 reais é igual a 20 reais).
Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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OPINIÃO: Aos ditadores de Donald Trump no Brasil
PUBLICADO
4 meses atrásem
13 de julho de 2025Independentemente de ideologia político-partidária, somos brasileiros e devemos reagir contra qualquer nação que queira se intrometer em nosso país, desrespeitando a nossa Justiça e o nosso governo, eleito democraticamente.
A recíproca será verdadeira sem nenhum medo. A taxação às mercadorias brasileiras será respondida na mesma proporção.
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